"...Tomai e comei, isto é meu corpo..." (Mt 26, 26)
Há mais de 12 séculos deu-se grande e prodigioso milagre eucarístico na Igreja Católica. Por volta dos anos 700, na cidade italiana de Lanciano, viviam no mosteiro de São Legoziano os Monges de São Basílio e entre eles havia um que se fez notar mais por sua cultura mundana do que pelo conhecimento das coisas de Deus. Sua fé parecia vacilante, e ele era perseguido todos os dias pela dúvida de que a hóstia consagrada fosse o verdadeiro Corpo de Cristo e o vinho o Seu verdadeiro Sangue.
Mas, a Graça Divina nunca o abandonou, fazendo-o orar continuamente para que esse insidioso espinho saísse do seu coração. Foi quando, certa manhã, celebrando a Santa Missa, mais do que nunca atormentado pela sua dúvida, após proferir as palavras da Consagração, ele viu a hóstia converter-se em Carne viva e o vinho em Sangue vivo. Sentiu-se confuso e dominado pelo temor, diante de tão espantoso milagre, permanecendo longo tempo transportado a um êxtase verdadeiramente sobrenatural. Até que, em meio a transbordante alegria, o rosto banhado em lágrimas, voltou-se para as pessoas presentes e disse:
"Ó bem-aventuradas testemunhas diante de quem, para confundir a minha incredulidade, o Santo Deus quis desvendar-se neste Santíssimo Sacramento e tornar-se visível aos vossos olhos. Vinde, irmãos, e admirai o nosso Deus que se aproximou de nós. Eis aqui a Carne e o Sangue do nosso Cristo muito amado!".
A estas palavras os fiéis se precipitaram para o altar e começaram também a chorar e a pedir misericórdia. Logo a notícia se espalhou por toda a cidade, transformando o Monge num novo Tomé.
A Hóstia-Carne apresentava, como ainda hoje se pode observar, uma coloração ligeiramente escura, tornando-se rósea se iluminada pelo lado oposto, e tinha uma aparência fibrosa; o Sangue era de cor terrosa (entre amarelo e ocre), coagulado em cinco fragmentos de forma e tamanho diferentes.
Serenada a emoção de que todo o povo foi tomado, e dada aos Céus as graças devidas, as relíquias foram agasalhadas num tabernáculo de marfim, mandado construir pelas pessoas mais credenciadas do lugarejo.
A partir de 1713, até hoje, a Carne passou a ser conservada numa custódia de prata, e o Sangue, num cálice de cristal.
Aos reconhecimentos eclesiásticos do Milagre, a partir de 1574, veio juntar-se o pronunciamento da Ciência moderna através de minuciosas e rigorosas provas de laboratório. Foi em Novembro de 1970 que os Frades Menores Conventuais, sob cuja guarda se mantém a Igreja do Milagre (desde 1252 chamada de São Francisco), decidiram, devidamente autorizados, confiar a dois médicos, de renome profissional e idoneidade moral, a análise científica das relíquias. Para tanto, convidaram o Dr. Odoardo Linoli, Chefe do Serviço dos Hospitais Reunidos de Arezzo e livre docente de Anatomia e Histologia Patológica e de Química e Microscopia Clínica, para, assessorado pelo Prof. Ruggero Bertelli, Prof. Emérito de Anatomia Humana Normal na Universidade de Siena, proceder aos exames.
Após alguns meses de trabalho, exatamente a 4 de março de 1971, os pesquisadores publicaram um relatório contendo os resultados das análises:
•A Carne é verdadeira carne.
•O Sangue é verdadeiro sangue.
•A Carne é do tecido muscular do coração (miocárdio, endocárdio e nervo vago).
•A Carne e o Sangue são do mesmo tipo sangüíneo (AB) e pertencem à espécie humana.
•Coincidência extraordinária: É o mesmo tipo de Sangue (AB) encontrado no Santo Sudário de Turim.
•Espanta: trata-se de carne e sangue de uma Pessoa Viva, vivendo atualmente, pois que esse sangue é o mesmo que tivesse sido retirado, naquele mesmo dia, de um ser vivo.
•No sangue foram encontrados, além das proteínas normais, os seguintes minerais: cloretos, fósforo, magnésio, potássio, sódio e cálcio.
•A conservação da Carne e do Sangue, deixados em estado natural por 12 séculos e expostos à ação de agentes atmosféricos e biológicos, permanece um fenômeno extraordinário.
E antes mesmo de redigirem o documento sobre o resultado das pesquisas, realizadas em Arezzo, os Doutores Linoli e Bertelli enviaram aos Frades um telegrama nos seguintes termos: "E o Verbo se fez Carne!"
É assim que o milagre de Lanciano, desafiando a ação do tempo e toda a lógica da ciência humana, se apresenta aos nossos olhos como a prova mais viva e palpável de que o "Comei e bebei todos vós, isto é o meu Corpo que é dado por vós", mais do que uma simples simbologia, como possa parecer, é o sinal divino de que no Sacramento da Comunhão está o alimento de nosso espírito, da nossa fé, da nossa esperança nas Promessas de Cristo, para a nossa salvação:
"Aquele que come a minha carne e bebe o meu Sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia". (Jo 6, 54)
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